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Terça-feira, 07 de Março de 2017

 

"Microfones secretos": CIA espionou celulares e TVs conectadas, revela WikiLeaks

Órgão seria capaz de controlar os telefones de empresas norte-americanas e europeias, como Apple, Google Android e Microsoft, e até mesmo televisores da Samsung. Nova série de denúncias teve início nesta terça, disse WikiLeaks

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Foto: Wikimedia Commons

 

O WikiLeaks anunciou nesta terça-feira (7) em sua conta oficial no Twitter ter iniciado uma nova série de denúncias sobre a Agência Central de Inteligência (CIA), nos Estados Unidos. De acordo com o comunicado, esta será a maior publicação de documentos secretos da CIA.

Segundo o WikiLeaks , a CIA seria capaz de controlar os telefones de empresas norte-americanas e europeias, como iPhone (Apple), Google Android e Microsoft, e até mesmo televisores da Samsung, que são transformados em microfones secretos.

Os arquivos confidenciais são acessados por meio de um "arsenal" de malware e de ciber-armas. A primeira parte do vazamento "Year Zero" ("Ano Zero", em tradução livre) é composta por 8,7 mil documentos e arquivos de uma rede isolada de alta segurança, situada dentro do Centro de Inteligência Cibernética da CIA em Langley, Virgínia.

"Recentemente a CIA perdeu o controle da maioria do seu arsenal de hackers, incluindo malware, vírus, trojans, ataques exploradores do "Zero Day", sistemas de controle remoto de malware e documentação associada. Esta coleção extraordinária, que equivale a centenas de milhões de linhas de código, dá ao seu possuidor a capacidade de hackear no nível da CIA. O arquivo parece ter sido distribuído entre antigos hackers do governo dos Estados Unidos de maneira não autorizada", lê-se no comunicado de imprensa do site.

Até o momento a Agência de Inteligência norte-americana não se pronunciou sobre o caso. Caso seja confirmado que os arquivos são autênticos este será um golpe para a CIA. O Wikileaks foi fundado pelo australiano Julian Assange, que está asilado desde 2012 na embaixada equatoriana em Londres. Seu site publicou milhares de documentos diplomáticos desde 2009, entre eles arquivos sigilosos do governo dos EUA, do Departamento de Estado e das Forças Armadas.

Vazamentos recentes

No último dia 17 de fevereiro, o site de Julian Assange revelou que os meses que precederam as eleições presidenciais francesas de abril de 2012, os maiores partidos do país e os três principais candidatos à Presidência foram espionados pela CIA.

Na época, disputavam o posto o candidato socialista François Hollande, a líder do Frente Nacional, Marine Le Pen, e o então presidente Nicolas Sarkozy, que estava tentando a reeleição. A espionagem também atingiu os ex-candidatos socialistas Martine Aubry e Dominique Strauss Kahn.

A equipe de Julian Assange divulgou o material como uma "prévia" das novas revelações que o grupo obteve, batizada de "Vault 7 Series". No comunicado enviado à imprensa, há a notificação de três ordens específicas que colocaram na mira o Partido Socialista, o Frente Nacional e o então partido de Sarkozy, União por um Movimento Popular (UMP), que mais tarde foi dissolvido para criar "Os Republicanos", atual sigla do ex-mandatário.

De acordo com o site de Julian Assange, a agência norte-americana ordenava o recolhimento de informações, entre outras coisas, sobre estratégias eleitorais dos partidos e dos candidatos, o desenvolvimento nas discussões internas, sobre os financiamentos, sobre os programas políticos e econômicos, sobre a relação com outros países europeus e com os EUA.

Ainda conforme os comandados de Assange, as ordens da CIA eram "classificadas" e "limitadas" apenas aos "olhos norte-americanos" por causa da "sensibilidade dos amigos na relação com amigos". O objetivo das espionagens era de "apoiar as atividades" da CIA, da seção sobre a União Europeia da Agência de Espionagem de Defesa (DIA) e da seção de Inteligência e busca do Departamento de Estado.

A operação, segundo o Wikileaks, durou 10 meses – entre 21 de novembro de 2011 até 29 de setembro de 2012. Os documentos obtidos pelo grupo foram publicados pelos jornais "La Repubblica" e pelos franceses "Libération" e "Mediapart", a menos de três meses das novas eleições presidenciais francesas, as mais acirradas dos últimos anos.

*Com informações da Ansa

 

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