Raízes
Emissael Alves de Barros

Meu sertão que não esqueço
Mesmo estando na capital
Já não vejo asas brancas nem carcarás
Muito menos o badalo do chocalho
Como também não escuto mais aboios
E quem diria que um dia por ser vaqueiro
A caatinga hoje é rua e meu cavalo
Um lindo carro de luxo

Fui menino cuidei de gado
Para meu patrão fazendeiro
Sabendo mal rabiscar meu nome
Caminhei léguas e léguas tiranas
Para na escola da rua estudar
Sempre era o primeiro da sala
E tinha dos meus colegas o respeito
Sonhando um dia ser doutor

Depois de tanto sofrer
Arranjei meu primeiro emprego
Meu gibão agora é uma roupa branca
E a sombra que ficava enquanto o gado bebia
Hoje um teto de um hospital
Quando para minha maior surpresa
Após salvar da morte um senhor
Conheci que era o meu ex patrão

Contemplamos ambos a Deus
Os rostos banharam em lágrimas
Hoje ele já velho e cansado
Declamei para o mesmo um verso
Menino, vaqueiro e gado
No sertão três coisas lindas
E hoje sendo vencedor
Não esqueço minhas raízes.

Para Deus nada é impossível.

Emissael Alves de Barros
Poeta salgueirense.

Publicada em 10 de Maio de 2011